quinta-feira, 12 de junho de 2014

Nada especial para escrever. Terminei o Memorial de Aires. É, deu pra matar o tempo da barca. Agora quis me relembrar de Esaú e Jacó que li ano passado. Achei confuso. Ambos os livros se passam na mesma época mas parece que as histórias não se cruzam. Esaú e Jacó teria sido o ultimo livro escrito pelo Aires, depois dos outros seis volumes de seu Memorial. O mais curioso são as semelhanças das duas histórias, sem serem de todo semelhantes. Pode ser até irônico se você comparar Natividade como Dona Carmo, que nunca teve filhos, a não ser o casal "gêmeo" adotivo que acabam se casando. Machado adorava colocar nomes irônicos em seus personagens, como a própria Fidélia, o cachorro Quincas Borba e a própria Flora. É muito forçado eu sei, mas até Capitu pode ser um nome irônico, tipo Capeta. "Os olhos que o diabo lhe deu". O Memorial me soou muito, sei lá, preparação para morte, um dos livros mais mórbidos que já li. Aliás, nossa relação com a morte parece ser o tema central de 80% da obra dele.
Ler Machado traz sensações paradoxas. É perfeito, traz deleite aos ouvidos do cérebro, mas é deprimente. É terrível se enxergar como realmente é. Eu sou Bentinho, eu sou Rubião, eu sou Brás, eu sou Aires. Também é deprimente no sentido de que, não adianta o quanto eu estude e me esforce, nada do que escreverei chegará a um décimo da sua perfeição. Outras coisa: não consigo me libertar da influência dele quando escrevo. Quero ser eu mesmo, mas sempre sai algo que soa como cópia dele.
Mas, o livro mais perturbador que eu já li, foi "A Morte de Ivan Ilitch", Tolstói. Parece que eu li minha própria vida futura e minha própria morte. Foi a sensação mais terrível que já tive.

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